ETF - Etapas para a Tranquilidade Financeira

Estamos aqui na linha de partida para mudar a forma como lidamos com o dinheiro e as finanças pessoais. Os motivos para iniciar esta mudança podem ser vários: ter dívidas que começam a sufocar; achar que o dinheiro parece desaparecer pouco tempo depois de entrar na conta; ter medo de um futuro com uma reforma reduzida; querer dar mais valor às poupanças que se tem – independentemente de qual seja o motivo, “as etapas” são uma forma simples, descomplicada e fácil de tomar as rédeas das suas finanças pessoais. Assenta em três princípios fundamentais: 


1) Evitar a dívida. Quando recorremos a créditos com juros altos (cartões crédito, créditos pessoais e créditos automóveis por exemplo) estamos a queimar dinheiro sob a forma de juros. Para além disto, a introdução de mensalidades para pagamento de créditos acrescenta um peso ao orçamento familiar que pode ser difícil de gerir. Ao adiarmos para o futuro o pagamento de algo comprado agora, estamos a comprometer a segurança e tranquilidade futuras. Muitas vezes este risco é tomado para comprar coisas que podem ser adquiridas mais tarde sem necessidade de créditos. O crédito habitação é considerada uma exceção, pois são raríssimas as famílias que conseguem comprar uma casa a pronto. Mesmo sendo a exceção aceite, a prestação não deve exceder 35% dos rendimentos disponíveis a cada mês.

2) Poupar. Ao gastarmos menos do que ganhamos conseguimos criar poupança o que nos dá muito mais flexibilidade:

a. Conseguimos lidar com despesas imprevistas muito mais facilmente criando o chamado fundo de emergência;

b. Conseguimos planear despesas futuras como férias, comprar um electrodomestico, automóvel ou até casa.

c. Conseguimos melhorar o nosso futuro financeiro e criar riqueza através do terceiro ponto....

3) Investir. Ao investirmos uma parte das poupanças em instrumentos financeiros com bom retorno estamos a dar ao nosso futuro financeiro muito mais segurança e tranquilidade. Ao manter dinheiro investido durante décadas damos tempo ao juro composto para multiplicar o nosso dinheiro e possivelmente atingir a Liberdade Financeira – conseguir viver apenas dos rendimentos que os nossos investimentos nos fornecem .
 

Com base nestes três fundamentos criamos as "Etapas para a Tranquilidade Financeira” que servem de guia para tomar conta das finanças pessoais com o objetivo final de desenvolver uma vida mais rica e relaxada. 

Em seguida vamos resumir as etapas e em próximas publicações faremos uma descrição mais profunda de cada uma.


ETAPA 1 – Ponto de situação e Orçamento familiar

Inicio do percurso para tomar conta das finanças pessoais. Neste ponto estamos completamente à deriva. Vamos começar por:

Ponto de situação: quanto dinheiro e bens temos e quanto devemos. Permite perceber se temos uma carga de divida grande ou se temos alguma margem financeira.

Orçamento familiar inicial: quanto dinheiro entra e quanto dinheiro sai. Permite perceber se temos margem todos os meses ou se por outro lado estamos sempre no limite ou a gastar poupanças. Organizar despesa em 3 grupos:
a) Despesas essenciais, 50-60%
b) Poupança e Investimento, 15-30%,
- poupança para futuras despesas, 5-10% - investimentos, 10-20%. 
c) Despesas livres, 10-30%

Estas perguntas são regras gerais e podem ter que ser ajustadas.


ETAPA 2 - Fundo de emergência básico 

500€ para pequenas despesas inesperadas. Solução temporária até se lidar com dívidas nocivas e se conseguir constituir um fundo de emergência completo.

ETAPA 3 - Atacar dívidas/créditos 

Os creditos têm o potencial para serem ferramentas de destruição para a saúde financeira das famílias. Os créditos (à excepção do créditos habitação) devem ser rapidamente removidos/amortizados. 

O orçamento tem se ser ajustado: não há dinheiro alocado a poupança ou investimentos e as depesas livres devem ser suspensas até se resolverem as dívidas -> todo o dinheiro que não usado em despesas essenciais deve ser dirigido ao pagamento de dívidas. Se existir alguma poupança para além do fundo de emergência básico também deve ser dirigida ao pagamento de dívidas.

Método Avalanche. 
- Ordenar os créditos dos com juro maior até ao juro mais pequeno.
- Todos os meses devemos realizar o pagamento mínimo de todos os créditos e dirigir todo o dinherio disponivel para a amortização do crédito com juro mais alto. 
- Isto vai reduzir a mensalidade no mês seguinte e permitir aumentar a quantidade de dinheiro disponível para a próxima amortização. Este ciclo deve ser feito até se pagar esse credito, sendo que depois se deve atacar o crédito com o segundo juro mais alto e assim sucessivamente. 
-  Crédito habitação: deve-se rever se a taxa de esforço é menor que 35%. Caso seja superior deve-se amortizar até atingir esse alvo.

ETAPA 4 - Fundo de emergência completo

- Agora que as despesas nocivas foram eliminadas deve-se  criar uma reserva para imprevistos - um fundo de emergência completo que cubra todas as despesas essenciais durante 3-6 meses. 
- Para familias com rendimentos instáveis ou situações laborais precárias (trabalho temporário por exemplo) pode ser sensato criar um fundo de emergência mais robusto de 9-12 meses. 
- Nesta fase já é aceitavel introduzir algumas despesas livres - no máximo até 10% dos rendimentos.
- Nests fase o dinheiro sobrante e que seria alocado a poupança/investimento deve ser orientado para a construção do fundo de emergência.
- Este dinheiro deve ser aplicado em instrumentos de capital garantido como depositos a prazo e certificados de aforro.

ETAPA 5 - Planear objetivos de poupança e investimento

- Nesta fase poderemos já ter um orçamento com as proporções standard que falamos na etapa 1. Já temos as dívidas perigosas saldadas e um fundo de emergência seguro - podemos respirar tranquilamente sabendo que qualquer inconveniente material passa a ser apenas isso - um inconveniente e não uma catástrofe.

ETAPA 5.1 - Planos de poupança 

- Parte integrante deste projeto é pensar nas grandes despesas que estão no horizonte: compra de um carro, entrada para uma casa ou obras de remodelação por exemplo. 
- Assim, tendo em conta o dinherio que temos disponivel (5-10% do orçamento) deve ser construída poupanças com objetivos definidos. 
- Despesas em < 3 anos, o dinheiro deve ser colocado em instrumentos de capital garantido (depósitos a prazo, certificados de aforro ou como montantes não investidos em corretoras on-line certificadas). 
- Para despesas > 3 ano podem usar-se instrumentos semelhantes, ETF de mercados monetários ou ETF de obrigações de curto prazo.

ETAPA 5.2 - Plano financeiro e de investimento.

- Dinheiro para gerar riqueza a longo prazo ou poupança para a reforma.
- Importante definir objetivos para definir a melhor estratégia.
-- Qual o horizonte temporal do investimento ou seja quando precisamos/queremos usar o dinheiro? Se > 10 anos (idealmente > 20 anos) o investimento em instrumentos 100% de ações poderá ser matematicamente a melhor opção.
-- Qual a sensibilidade às variações/flutuações do mercado? Se a perspectiva de temporariamente ver o valor dos investimentos sofrer perdas de 40-50% for intolerável então a percentagem do portefolio alocada a ações deve ser diminuídas e a de obrigações aumentada.
-- Se estivermos a invesitr com o objectivo de financiar a reforma predominantemente com os rendimento dos investimentos (FIRE por exenplo) então durante quantos anos achamos que vai ser necessário resgatar dinheiro? Se < 30 anos poderá ser suficiente ter como objetivo acumular ~ 25 vezes o rendimento anual. Se > 30 anos poderá ser necessário apontar para ~ 33 vezes o rendimentos anual.
- Na maior parte das situações, a estratégia mais eficaz passa pelo investimento em ETFs de ações mundialmente diversificados - possível escolhendo apenas 1 ETF. Estratégia simples, eficiente e descomplicada.
- Para perfis de susceptibilidade ao risco deve-se tambem integrar ETF de obrigações.
- Todos os meses deve ser investida a porção do orçamento dedicado aos investimentos nos instrumentos escolhidos.

ETAPA 6 - Continuar a investir e rever objetivos periodicamente

- Nesta fase o dinheiro vai-se acumumando graças às contribuições que se vai fazendo todos os meses e aos rendimentos gerados.
- Contudo, periodicamente convém rever a situação financeira sobretudo quando surgem mudanças significativas na vida:--- o nascimento de um filho ou a doença de um familiar próximo implicam aumentos das despesas fixas pelo que se deve ajustar a dimensão do fundo de emergência e o orçamento; 
-- a mudança de emprego com aumento ou redução do salário deve também levar a ajustes do orçamento;
-- a perspectiva de perda de rendimento a longo prazo por desemprego / doença / morte inesperada deve levar a uma pausa nos investimentos para aumentar o fundo de emergência. 
-- a tolerância ao risco dos investimentos pode mudar à medida que o conhecimento e a experiência sobre investimentos aumenta, com o acumular de riqueza e o envelhecimento: pode ser necessário diminuir a agressividade do portefolio ou até aumentar - são escolhas pessoais

ETAPA 7 -Liberdade financeira

- Quando se tem acumulado capital correspondente a 25- 33 vezes o rendimento anual podemos estar a entrar na fase de liberdade financeira. Nesta fase, o valor e rendimento destes ativos são suficientes para que possamos viver sem recurso a salário ou pensões. 
- Nesta fase, trabalhar deixa de ser essencial para a segurança financeira. Pode usar-se o capital investido como fonte de rendimento único. 
- Se se espera ter que utilizar o capital investido como fonte de rendimento durante < 30 anos pode ser razoável retirar 4% do capital no primeiro ano e ajustar esse valor para a inflação nos anos seguintes. Se se espera uma longevidade maior (como no FIRE) uma percentagem de retirada de 3.5% ou até 3% é mais sensata.

Estas são as "Etapas para a Tranquilidade Financeira". Que acham?

Nas próximas publicações exploraremos em maior pormenor cada uma das etapas.

Poupem, invistam e relaxem.

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