Juro composto


O juro composto é a característica que permite aos investimentos de longo prazos criar riqueza substancialmente maior que os montantes inicialmente investidos.  Os juros compostos são juros calculados sobre o montante inicial investido (capital) e sobre os juros acumulados, ou seja, "juros sobre juros". Este é o chamado efeito de "capitalização" que faz com que o dinheiro cresça de forma exponencial ao longo do tempo. À medida que se vão acumulando juros gera-se um efeito de bola de neve que faz com que os próprios juros criem mais juros. Em contraponto, os juros simples, são calculados apenas sobre o capital inicial. 



Num exemplo prático, se investirmos 1000€ num instrumento que dê um retorno anual de 8% (vamos ignorar impostos de momento) teremos um juro de 80€. Se tirarmos esses 80€ e voltarmos a investir os 1000€ no mesmo instrumento e fizermos o mesmo durante 20 anos no fim teremos conseguido 1600€ de juros - um retorno cumulativo de 160%, juro simples. Por outro lado, se ao fim do primeiro ano investirmos os 1000€ mais os 80€ de lucro, ao fim do segundo ano teremos obtido mais 86,40€. Se continuarmos este processo de reinvestir os juros então ao fim de 20 anos teremos acumulado 3.660,96€ de juros, mais do dobro. Se passarem 30 anos a diferença é ainda maior: 9.062,66€ vs 2.400€ de juros. Quanto mais tempo passa, maior o poder do juro composto.

Gráfico geral no site https://www.thecalculatorsite.com/

O juro composto funciona sempre independentemente da rentabilidade do instrumento financeiro embora funcione melhor com instrumentos com maior retorno. Se em usarmos um instrumento com 2% de rentabilidade anualizada então os juros acumulados ao fim de 20 anos serão 400€ para juro simples vs 485,95€ para juro composto - significativo mas menos entusiasmante que o exemplo de 8% de rentabilidade. O efeito do juro composto é mais rápido e mais potente quando mais rentável for um instrumento.  


As características fiscais dos produtos têm também implicações para a eficácia do juro composto nos investimentos do longo prazo. Por exemplo, quando chega a data de vencimento/liquidação de um deposito a prazo é feita a entrega do juro liquido (já após a retenção do imposto na fonte). Isto significa que 28% do valor do juro é retirado para pagamento do imposto. Caso se reinvista o juro obtido num novo depósito, este valor retido não é aproveitado o que torna o efeito de juro composto mias fraco. Acontece um fenómeno semelhante nos certificados de aforo. Apesar dos juros serem creditados cada 3 meses e serem capitalizados, ou seja reinvestidos, isto é feito após ser feita a retenção na fonte do imposto. Em contraponto, nos ETF e PPR a valorização dos ativos acontece sem que seja aplicado imposto. Este só é aplicado às mais-valias (valorização ou ganhos) quando existe venda/liquidação dos produtos, algo que pode ser feito décadas após a sua compra/constituição. Este facto permite que todos os retornos sejam usados para o efeito de juro composto, acelerando este efeito. Por este motivo são produtos considerados fiscalmente mais eficientes pois, ao permitir adiar o pagamento de imposto, facilitam o crescimento dos juros compostos. 


Poupem, invistam e relaxem!

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